Fraternidade e Amazônia: O cuidado por aquilo que é de todos
Dom Odilo Scherer (*)
Durante a Quaresma, a Campanha da Fraternidade sobre a Amazônia, com o lema “vida e missão neste chão”, será ocasião para voltar as atenções para a Amazônia, seus povos e sua natureza; é uma questão muito complexa e importante para o Brasil e para o mundo inteiro. A Campanha da Fraternidade é inspirada no mandamento da caridade, que Jesus deu aos discípulos: “como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros”(cf Jo 13,34-35) Os povos da Amazônia - indígenas, caboclos, seringueiros, ribeirinhos, quilombolas, migrantes, gente das grandes cidades, das pequenas aldeias e do imenso interior, esperam a solidariedade de todo o povo brasileiro.
A Amazônia, geralmente idealizada de maneira romântica como um paraíso tropical, passa por imensas transformações, sobretudo sob o impacto da globalização sobre suas estruturas e sistemas exuberantes, mas frágeis. É uma região que reserva imensas riquezas naturais; sendo a última grande reserva de floresta tropical do mundo, ela desperta as atenções e interesses de iniciativas econômicas, de pesquisadores, ambientalistas, antropólogos e outros; nem sempre as populações locais e a natureza são devidamente levadas em conta e respeitadas.
A Amazônia, cheia de tesouros, belezas e mistérios da vida, que a natureza elaborou durante milhões de anos, possui um equilíbrio delicado, quase uma loja de cristais, onde todo o cuidado para se mover e tocar as coisas é preciso... A relação desatenta ou preconceituosa com as populações locais, as agressões imprudentes à natureza, os projetos de exploração econômica das riquezas e potencialidades feitos com pouco critério, tudo isso pode ter conseqüências desastrosas para a vida naquela região e para todo o nosso planeta. A desatenção e a irresponsabilidade nas relações com a Amazônia podem tornar inabitável esse chão, que é também parte de nossa casa, para as futuras gerações.
A população amazônica vive a pressão da mundialização e da urbanização, que perturbam sua cultura e a faz perder suas raízes, suas riquezas e sua identidade. A urbanização acelerada levou grande parte do povo do interior da Amazônia a morar em alguns centros urbanos, onde faltam serviços de atendimento às necessidades básicas da população, trabalho e habitações; como resultado, surgiram imensas palafitas e favelas, o tráfico de drogas, a prostituição, até mesmo infantil, e tanta violência. Em plena Amazônia aparecem as mesmas mazelas sociais das metrópoles industriais do centro-sul do Brasil. Por outro lado, a ocupação e posse das terras para a exploração da madeira e de outras riquezas naturais, para a agricultura e a pecuária, é motivo de violência e de morte em diversas áreas rurais da Amazônia.
“Vida e missão neste chão!” Este é o clamor da Igreja no Brasil durante a Campanha da Fraternidade de 2007. A Amazônia, berço acolhedor de tanta vida, precisa viver e ser respeitada por todos. Destruído este berço generoso, também a vida de tantas pessoas estará em risco. Pensar no povo, cuidar do ambiente, casa da vida, promover a justiça e a fraternidade, este é o nosso compromisso diante das presentes e futuras gerações. É responsabilidade diante de Deus e do próximo. É questão de justiça e fraternidade.
O papa Bento XVI, vindo ao Brasil em maio, nos recordará que a experiência do amor de Deus está na base da vida cristã e que o amor ao próximo deve ser traduzido em formas concretas de cultura e de organização da vida social, como resposta ao amor de Deus. A Conferência de Aparecida dará novas diretrizes para que a Igreja na América Latina e no Caribe viva intensamente sua missão através da caridade. Como discípulos e missionários de Jesus Cristo, os cristãos precisam fazer o melhor que podem para que “nossos povos tenham vida”. Caridade e responsabilidade social vão juntas.
Os povos da Amazônia esperam e precisam da solidariedade de todos os brasileiros. A Campanha da Fraternidade de 2007 propõe esta reflexão para todo o Brasil durante a Quaresma deste ano, para favorecer uma compreensão melhor sobre a responsabilidade de todos por aquilo que pertence a todos; o zelo pelo bem comum é uma das dimensões sociais da caridade. O egoísmo concentrador, que tende a satisfazer apenas as próprias aspirações, sem levar em conta as do próximo, é irresponsável e causa destruição e morte. A fraternidade e a caridade levam a atitudes e comportamentos responsáveis e solidários em relação ao próximo e a respeitar aquilo que é um bem de todos e para todos.
(*) Bispo Auxiliar de S.Paulo
Secretário-Geral da CNBB
Durante a Quaresma, a Campanha da Fraternidade sobre a Amazônia, com o lema “vida e missão neste chão”, será ocasião para voltar as atenções para a Amazônia, seus povos e sua natureza; é uma questão muito complexa e importante para o Brasil e para o mundo inteiro. A Campanha da Fraternidade é inspirada no mandamento da caridade, que Jesus deu aos discípulos: “como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros”(cf Jo 13,34-35) Os povos da Amazônia - indígenas, caboclos, seringueiros, ribeirinhos, quilombolas, migrantes, gente das grandes cidades, das pequenas aldeias e do imenso interior, esperam a solidariedade de todo o povo brasileiro.
A Amazônia, geralmente idealizada de maneira romântica como um paraíso tropical, passa por imensas transformações, sobretudo sob o impacto da globalização sobre suas estruturas e sistemas exuberantes, mas frágeis. É uma região que reserva imensas riquezas naturais; sendo a última grande reserva de floresta tropical do mundo, ela desperta as atenções e interesses de iniciativas econômicas, de pesquisadores, ambientalistas, antropólogos e outros; nem sempre as populações locais e a natureza são devidamente levadas em conta e respeitadas.
A Amazônia, cheia de tesouros, belezas e mistérios da vida, que a natureza elaborou durante milhões de anos, possui um equilíbrio delicado, quase uma loja de cristais, onde todo o cuidado para se mover e tocar as coisas é preciso... A relação desatenta ou preconceituosa com as populações locais, as agressões imprudentes à natureza, os projetos de exploração econômica das riquezas e potencialidades feitos com pouco critério, tudo isso pode ter conseqüências desastrosas para a vida naquela região e para todo o nosso planeta. A desatenção e a irresponsabilidade nas relações com a Amazônia podem tornar inabitável esse chão, que é também parte de nossa casa, para as futuras gerações.
A população amazônica vive a pressão da mundialização e da urbanização, que perturbam sua cultura e a faz perder suas raízes, suas riquezas e sua identidade. A urbanização acelerada levou grande parte do povo do interior da Amazônia a morar em alguns centros urbanos, onde faltam serviços de atendimento às necessidades básicas da população, trabalho e habitações; como resultado, surgiram imensas palafitas e favelas, o tráfico de drogas, a prostituição, até mesmo infantil, e tanta violência. Em plena Amazônia aparecem as mesmas mazelas sociais das metrópoles industriais do centro-sul do Brasil. Por outro lado, a ocupação e posse das terras para a exploração da madeira e de outras riquezas naturais, para a agricultura e a pecuária, é motivo de violência e de morte em diversas áreas rurais da Amazônia.
“Vida e missão neste chão!” Este é o clamor da Igreja no Brasil durante a Campanha da Fraternidade de 2007. A Amazônia, berço acolhedor de tanta vida, precisa viver e ser respeitada por todos. Destruído este berço generoso, também a vida de tantas pessoas estará em risco. Pensar no povo, cuidar do ambiente, casa da vida, promover a justiça e a fraternidade, este é o nosso compromisso diante das presentes e futuras gerações. É responsabilidade diante de Deus e do próximo. É questão de justiça e fraternidade.
O papa Bento XVI, vindo ao Brasil em maio, nos recordará que a experiência do amor de Deus está na base da vida cristã e que o amor ao próximo deve ser traduzido em formas concretas de cultura e de organização da vida social, como resposta ao amor de Deus. A Conferência de Aparecida dará novas diretrizes para que a Igreja na América Latina e no Caribe viva intensamente sua missão através da caridade. Como discípulos e missionários de Jesus Cristo, os cristãos precisam fazer o melhor que podem para que “nossos povos tenham vida”. Caridade e responsabilidade social vão juntas.
Os povos da Amazônia esperam e precisam da solidariedade de todos os brasileiros. A Campanha da Fraternidade de 2007 propõe esta reflexão para todo o Brasil durante a Quaresma deste ano, para favorecer uma compreensão melhor sobre a responsabilidade de todos por aquilo que pertence a todos; o zelo pelo bem comum é uma das dimensões sociais da caridade. O egoísmo concentrador, que tende a satisfazer apenas as próprias aspirações, sem levar em conta as do próximo, é irresponsável e causa destruição e morte. A fraternidade e a caridade levam a atitudes e comportamentos responsáveis e solidários em relação ao próximo e a respeitar aquilo que é um bem de todos e para todos.
(*) Bispo Auxiliar de S.Paulo
Secretário-Geral da CNBB
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